Era incrível com uma pessoa com apenas 1,53 metros de altura podia olhar os outros de cima. “Eu sou mais eu” falava como quem diz brincando algo que gostaria de dizer de maneira séria. Engraçado, mas todos nós ficávamos encantados por ela.
Não era muito bonita, mas tinha um corpo legal, sabia evidenciar o que tinha de melhor, as mulheres em geral não gostavam dela.
Ela era o tipo de pessoa que curte elogios, por isso era fácil agrada-la, mas mais fácil ainda irrita-la, reagia mal às críticas, de qualquer natureza, minimiza os seus erros, e raramente de desculpava. Tinha um namorado, o cara era meu camarada.
Ele era um estagiário e ela uma profissional respeitada apesar de jovem.
Era uma relação estranha mas perfeita para ela, ele era um homem submisso, numa posição profissional e financeira inferior à dela. Ela o pisava com seu salto alto e ele gostava. Ao fim ela o mastigou como um chiclete e quando perdeu o gosto o cuspiu numa lixeira qualquer.
Evidentemente do ponto de vista de ambos a culpa não era dela.
Como uma mulher prática que era acabou se casando com um coroa rico, no caso um dos clientes do escritório. Porém segundo a lenda, continua mastigando estagiários de vez em quando.
Eu nessa época também estagiário, também fui encantado por ela. “Eu sou mais eu” repetia. Eu concordava vidrado nos seios pequenos, mas tão arrebitados quanto o nariz dela.
Num dia de bebedeira no Baixo Gávea, um chope para cá, uma caipirinha para lá, olhares, palavras ao pé do ouvido, ficamos. Perdi um amigo à toa.
Meu encanto por ela durou muito pouco, fui me cansando rápido, talvez justamente por tê-la conhecido melhor. Ouvir uma pessoa sempre falar dela mesma na maioria das vezes se auto-elogiando irrita qualquer um com o mínimo de bom senso... Não que ela fosse uma má pessoa comigo, mas não deu pra aturar.
“Ela tem personalidade forte” diziam as pessoas na época. Uma ova! Digo eu hoje, aprendi que quase sempre “personalidade forte” é um eufemismo para arrogância.
Como estava enrolado na faculdade precisei sair do estágio, perdendo contato com ambos, só que agora, para minha surpresa, estaremos os três novamente trabalhando juntos.
Eu fiz um projeto que a empresa dela vai gerenciar e ele executará a obra.
Ela continua a mesma marrenta de sempre, Ele parece não ser mais o mesmo bundão de antes... Já eu continuo enrolado, só que dessa vez não é com a faculdade.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
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5 comentários:
Personalidade só é eufemismo para arrogância, se as pessoas de personalidade forte - realmente - não se manifestarem contra.
Alguém tem que dizer "ei, vc não pode cagar na minha cabeça. E digo mais, vc não vai cagar na cabeça de mais ninguém". Lógico, que a pessoa a dizer isso não vai ser a subalterna econômica.
Me considero e sou considerada, ter personalidade forte. MAS, eu não sou MAIS EU QUE VOCÊ. Sou mais eu quando EU SOU O MELHOR QUE EU POSSO SER. Nada de comparativos. Não gosto de me sentir magra chamando os outros de gordos, nem de inteligente pq os outros são burros. E, como diz a Elis Regina, "o homem que diz sou, não é, pq quem é mesmo não diz" Não precisa dizer, ué, os outros veêm.
Um negócio que, para mim, não tá com nada é traição. Acredito em diálogos abertos: "estamos brincando", "estou sentindo algo mais sério, e vc?" , "ah, não sinto o mesmo de antes". Não enganar o outro nem se enganar.
Qto ao seu comentário, qdo vc diz "pertubada" eu digo "criativa" e parei de me divertir magoando-usando os outros qdo aprendi que isso não era divertido. Há muito tempo atrá, em uma outra terra, onde eu achava que era rainha.
Beijas
gostei do post,sou um ser meio personalidade forte,mas flexivel demais,leonina,meio brava,mas odeio ´pisar em algueem,jamais!!
o meu blog agora é,
todo nosso,meu e de meu namorado!!
bjss,ah
como a vida dá voltas né??/vcs 3 novamente,kkk
espero vc!!!
Os 3 novamente?! Ironia do destino?!
Já não gostei dela lendo o texto... não pelo provável motivo das outras mulheres (que competem ad eternum) e sim porque não gosto de quem gosta de confete, palco, e ainda pisa nos "fãs".
Beijossss
Coloca personalidade forte nisso... mas acima de tudo pelo que se descreveu ela tinha uma super auto estima..
muito bom!
adorei o enredo, e o modo de escrita! com certeza rolou um curta-metragem na minha mente 'patafísica.
não sou a defensora do emos, mas pô.. é a juventude. fazer oquê?
até parece que você num sabe que isso é fase.. logo, logo passa.. aí é a hora da verdade.
b.jú!
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